Por que será que essa é uma das frases mais difíceis de se dizer e de se escutar?
Dia desses, tive uma discussão pela internet com esse desfecho. Após expor meus argumentos, não consegui convencer a pessoa com quem estava conversando. E nem ela me convenceu. Foi uma espécie de impasse, no qual as duas partes se sentiram totalmente confortáveis com o resultado.
Um empate, mas com um resultado bastante positivo.
Apesar de não haver vitoriosos, ao final do diálogo consegui compreender melhor os motivos pelos quais aquela pessoa pensava daquela maneira. E acredito que ela também foi capaz de me compreender mais a fundo. Pensando por esse lado, a conversa foi, de modo geral, uma grande vitória do bom senso e da maturidade.
No fim das contas, chegamos ao que eu costumo considerar o “nível ideal do diálogo”: ninguém precisa estar certo, ninguém precisa, necessariamente, vencer. Precisamos apenas de compreensão, do meio-termo, tentar enxergar a vida pelo olhar do outro.
A conversa se encerrou de forma pacífica, sem mortos nem feridos. Uma verdadeira conferência de diplomatas – sem toda a politicagem, é claro. Isso me deixou bastante contente, pois é raro conseguir ter um diálogo minimamente respeitoso hoje em dia. Parece que perdemos a mão quando se trata de dialogar e tudo se transforma em uma briga de foice.
Parece que discordar de alguém se tornou uma forma de insulto. Como se, ao atacar o argumento, estivéssemos desferindo ofensas pessoais, o que automaticamente já deixa o nosso interlocutor na defensiva, totalmente fechado a qualquer mudança de pensamento.
Talvez por acreditarmos que nossas opiniões nos definem, por julgarmos que, ao perder um debate, perdemos também um pouco da nossa própria essência. Nos esquecemos do caráter transitório da vida, que nos leva sempre à transformação. Fazemos de conta que o mais importante nesse mundo é estar certo – mesmo que isso signifique uma Terceira Guerra Mundial.
Vivemos hoje um momento de intolerância bastante perigoso, causado pelo pensamento extremista, de “ou é assim, ou não é“. Como se não houvesse números no intervalo entre o oito e o oitenta, ou áreas cinzas entre o preto e o branco.
Por que insistimos nessa maneira tão dualista de pensar e enxergar as coisas?
É preciso ter calma, paciência, evitar o calor do momento. É preciso vigiar. Lembrar que nem sempre estaremos com a razão em uma conversa, por mais pacífica que seja. Lembrar que, para iniciar uma guerra, basta um dos lados insistirem o bastante.
Precisamos nos esforçar para aprender a não levar tudo para o lado pessoal. E aceitar que nem sempre os outros vão concordar com o que temos a dizer.
Imagem: Unsplash