Eu amo o inverno e tudo o que vem junto com ele, os dias frios ensolarados, as garoas finas que convidam ao aconchego de um cobertor quentinho. Exceto, é claro, pelas gripes monstruosas e devastadoras que se alastram por aí nessa época do ano. Se a gente parar para pensar bem, a gripe é uma das doenças que existe há mais tempo, existem vários tipos de vírus que transmitem essa enfermidade e se aproveitam do nosso organismo para continuarem existindo por mais milhões de anos.
Esses pequenos organismos invisíveis a olho nu já foram responsáveis pela morte de incontáveis seres humanos ao longo da história da humanidade – a gripe espanhola de 1918, por exemplo, matou cerca de 50% da população mundial da época, o que é um número bem alarmante. Imaginem se tivéssemos, hoje, um vírus com essa taxa de mortalidade. Bem, na verdade, nós temos o ebola, que só não matou mais gente nos últimos tempos por ser um vírus que mata rápido, que é fácil de ser contido e que se alastra mais facilmente nos países com poucos recursos.
Mesmo com todas as precauções que existem acerca de epidemias e vírus fatais, mesmo com toda tecnologia, vacinas, tratamentos e remédios, a gripe continua aí, firme e forte. Vacinar-se contra ela não garante que você não ficará doente, apenas ajuda o seu organismo a combatê-la com mais eficácia. E não existe uma cura definitiva para essa doença, somente medicamentos que ajudam a amenizar os sintomas, e os quais poderiam ter salvado a vida de milhões de pessoas lá nos séculos passados. Porém, embora tenhamos toda a capacidade de tratar os sintomas da gripe e de todas as outras enfermidades conhecidas, corremos o risco de sermos dizimados por elas a qualquer momento. Basta rolar uma mutação nesses vírus mais poderosos, e pronto.
Esta semana peguei uma gripe muito forte, coisa que não me acontecia há sei lá quantos anos, e que me deixou na cama e prostrada, sem vontade ou condições de fazer nada. O retrato que o espelho refletia diariamente não era nada animador: nariz vermelho e expurgando líquidos e secreções nojentas, olheiras por não conseguir dormir direito (propagandas de remédios que prometem amenizar o nosso sofrimento na hora de dormir com gripe são enganosas!), lábios rachados, total descuido com a aparência – afinal, quem tem tempo para fazer qualquer coisa que não seja assoar o nariz e dizer “ai” quando está gripado?

Eu me coloquei meio que em quarentena. Passei a desinfetar as mãos a cada 5 minutos, para evitar o contágio das pessoas que convivem comigo, entrei num regime rigoroso de vitamina C e descongestionantes, deixei de lavar o cabelo após as cinco da tarde e, na verdade, só não usei uma máscara protetora porque também não estamos falando de um vírus mortal. Cancelei as aulas que leciono durante a semana, fui obrigada a não trabalhar, embora eu faça home office, porque os meus olhos não conseguiam focar em nada e a cabeça parecia explodir. Saí de casa apenas para comprar remédios na farmácia e me senti o mais imprestável dos seres.
Ontem à noite, enquanto me envolvia no cobertor e em autopiedade por ser derrotada por um organismo microscópico, assisti a um filme chamado Contágio, que conta a história de uma epidemia de um vírus desconhecido que aparentemente é uma mutação da gripe aviária. Olhei para os personagens sofrendo nas macas espalhadas pelos estádios desportivos que, no filme, serviam de hospital e me reconheci. Tive medo. Não por achar que essa gripe de agora vai me matar, mas me assustei ao me deparar com uma realidade que pode muito bem acontecer num futuro distante, ou nem tanto.
Nessa época de inverno, temos os surtos de gripe, pneumonia, os hospitais e pronto-socorros ficam lotados de crianças e pessoas idosas que, mesmo após serem vacinadas, sofrem bastante. No calor, temos também a gripe, a dengue, as “viroses”. Fico imaginando se teríamos preparo para encarar uma doença como o ebola, ou semelhante às pestilências do passado, tendo em vista a precariedade dos sistemas de saúde de nosso país e a falta de cuidado, por parte das autoridades, em conter surtos viróticos. Volto a recordar a epidemia de ebola que tivemos nesse ano, que só não foi mais grave por causa da alta mortalidade do vírus. Em suma, as pessoas morrem antes de conseguirem transmitir a doença a mais pessoas. É muito triste pensar numa morte assim.
E é mais triste ainda pensar que existe uma enorme possibilidade de esses vírus terem sido criados pelos humanos e utilizados morbidamente para reduzir a população, dizimando os pobres e menos providos, os mais fracos, as crianças e os debilitados. É apavorante imaginar que nos centros de pesquisa de doenças temos cientistas manipulando bactérias e vírus capazes de acabar com a nossa raça, caso sejam liberados por acidente ou propositalmente, como forma de ataque. Se um desses grupos possuir a cura para esses males, então, pior ainda. Estamos à mercê da ganância da indústria da morte. Se der a louca em alguém, seremos eliminados em questão de meses.
Deixando de lado as previsões apocalípticas sobre pandemias armagedônicas e o medo de que algo assim aconteça, temos que encarar a dura realidade dessa nossa frágil vida humana. Que envolve pegar uma gripezinha ou gripezona por ano, quiçá duas ou três. Tomar todos os tipos de vacinas que nos injetam desde que nascemos, para termos a chance de escapar dessas invisíveis máquinas de matar. Temos que viver um pouco com medo de tudo. E, é claro, estamos à mercê da indústria farmacêutica.
Eu duvido, muitíssimo mesmo, que não exista a cura para a Aids, para o Ebola, para todas as outras doenças sérias. Enquanto a gente sofre aqui com essas pragas todas, os ricaços devem estar gozando férias na Ilha de Capri, tomando margaritas e muito sol.
Não sei bem o que eu pretendia com esse texto. Talvez dar uns conselhos de vovó, do tipo não se esqueçam do agasalho nesse frio, lavem bem as mãos com frequência e evitem a friagem. E se tiverem dicas de como enfrentar essa peste com um pouco mais de graça, eu aceito de bom grado!

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